sexta-feira, 7 de março de 2014

As acções da EDP continuarão a ter energia para subir?

Desde o início do Bull Market, em Junho de 2012, a EDP valorizou quase 96%. Além de ser uma empresa inserida num sector defensivo, menos dependente dos ciclos económicos, é também a empresa do PSI20 que mais dividendos entrega aos investidores. À semelhança do ano passado, este ano a eléctrica vai pagar 18,5 cêntimos por acção, um valor que dado o valor actual dos títulos em bolsa a coloca em destaque no "ranking" da rendibilidade, com um dividend yield de 5,7%.

No dia 27 de Fevereiro a EDP apresentou resultados referentes ao ano transacto. A EDP terminou o exercício de 2013 com lucros 1.005 milhões de euros, um recuo de 1% face a 2012, mas ainda assim acima das estimativas dos analistas consultados pela agência Reuters que previam um valor médio de 992 milhões de euros. Este é o resultado mais baixo nos últimos seis anos, sendo preciso recuar a 2007 para encontrar um resultado mais baixo: 907 milhões de euros. Nos anos seguintes obteve sempre lucros mais elevados, com um máximo em 2011 de 1.125 milhões de euros. O EBITDA de 2013 (resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) foi 3.617 milhões de euros, valor estável face ao de 2012. Ainda assim, a EDP continua a ser a única cotada na bolsa nacional com lucros acima dos mil milhões de euros.

Como já vem sendo habitual nas minhas análises, vejamos os factores positivos e negativos que poderão condicionar a evolução dos títulos em bolsa.

Factores Positivos

Na minha opinião, as acções da EDP continuam a oferecer valor. Vejamos alguns factores que deverão servir como catalisadores para suportar o título:

·         Continuação do crescimento do negócio eólico, através da EDP Renováveis;

·         A operação no Brasil, através da EDP Brasil;

·         Os cortes nos custos operacionais, levados a cabo no ano passado;

·         A diminuição da percepção de risco do país, com a diminuição dos juros da dívida;

·         A possibilidade de rotação de activos e vendas de posições minoritárias com acordos recentes com a China Three Gorges (CTG);

·         A venda da participação da Iberdrola na EDP;

·         No dia 29 de Janeiro, a eléctrica portuguesa deixou de estar sob vigilância para revisão negativa por parte da agência Standard & Poors. A classificação de crédito da eléctrica permanece em “BB+”, que é a notação mais elevada entre as consideradas “especulativas”;

·         Esforço a gestão em reduzir a dívida da empresa. Em comunicado, após divulgação de resultados, António Mexia afirmou que a eléctrica portuguesa reduziu a dívida líquida em 2012 em 4%;

·         Bom retorno do dividendo na ordem dos 6%;

·         A procura de electricidade em Portugal mantem-se estável. Em 2013 registou uma ligeira subida de 0,2%;

·         A EDP está cada vez menos exposta aos preços do mercado. Excluindo eólicas, a EDP produziu na Península Ibérica 32,6 terawatt hora (TWh) em 2013, mais 16,5% do que em 2012. Dessa energia apenas 41% da energia foi vendida no mercado liberalizado. “A redução da exposição ao mercado está em linha com o objectivo de António Mexia de minimizar os riscos da geração de electricidade, através da formalização de contractos de longo prazo que dêem à EDP e aos accionistas visibilidade sobre as futuras receitas”.

Factores Negativos

·         As pressões regulatórias que deverão continuar a afectar os resultados em 2014. As alterações à regulação em Espanha e Portugal terão um impacto nos resultados antes de impostos de 300 milhões de euros ao ano, no período de 2012 a 2014;

·         Em Portugal, este ano o custo do novo imposto extraordinário sobre a energia terá um impacto negativo nos resultados de 47 milhões de euros. Trata-se de uma taxa de 0,85% que incide sobre os activos das empresas do sector energético e que será cobrada sobre os activos de produção, distribuição e transporte de electricidade;

·         Financiamento mais caro. Para 2014, a EDP admite que o custo da dívida possa subir até 4,7%, o que acabará por penalizar os resultados financeiros da empresa.

O que nos diz a Análise Técnica?

Desde Junho de 2012, que a EDP tem tido um comportamento técnico perfeito, com mínimos e máximos sucessivamente maiores. O mês de Fevereiro foi bastante bom, com a acção a ganhar momentum ascendente, suportada pela especulação em torno dos resultados que a eléctrica iria apresentar no final do mês. Só em Fevereiro a EDP valorizou 13,20%!

Actualmente a acção encontra-se a testar uma importante zona de resistência, entre os 3,20 e os 3,30€, que foi o máximo registado em 2009 e que coincide com os 50% de fibonacci do Bear Market em que a EDP viveu entre Novembro de 2007 e Junho de 2012. Na minha opinião será de estranhar se a EDP não corrigir nesta zona, e até saudável se o fizer, de modo a encontrar pressão compradora para novo movimento altista. O fecho da vela de hoje será sem dúvida importante.

A minha recomendação é de MANTER, para quem já tem o título em carteira, e de aguardar pelo fecho da vela diária e semanal, para quem está a pensar entrar.
 
 

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