Como já havia antecipado na análise feita há dois dias atrás, o BCP confirmou ontem a necessidade de recorrer a um aumento de capital no valor de 2.250 milhões de euros de modo a poder antecipar o pagamento da dívida ao Estado e tentar regressar aos lucros consistentes. O banco irá pagar 1.850 milhões ao Estado (dos 2.600 milhões ainda em dívida), o que irá permitir poupar cerca de 500 milhões em juros face ao que estava previsto. Os restantes 750 milhões serão amortizados entre o final deste ano e início de 2015. Recordo que o plano inicial de reembolso definia o final de 2016 como data limite para devolver a totalidade da ajuda.
A Oferta Pública de Subscrição (OPS)
O aumento de capital será concretizado através de uma oferta pública de subscrição reservada a accionistas e demais investidores que adquiram direitos de subscrição. As novas 34.487.542.355 acções serão vendidas a 6,5 cêntimos o que representa um desconto de 34% face ao valor a que as acções cotavam em bolsa antes da suspensão da CMVM, excluindo o valor dos direitos. Por cada acção detida os investidores irão receber um direito, sendo necessário 4 direitos para poder subscrever sete novas acções (a que acresce os 6,5 cêntimos de subscrição). Não há ainda datas para que a operação de reforço de capital do BCP arranque.
Principais Conclusões
O aumento de capital já era esperado pelo mercado, mas o que surpreendeu foi o elevado montante de 2250 milhões de euros, muito superior àquele que se previa que era de cerca de 2000 milhões, e o desconto face à cotação de fecho dontem de 34%.
Se olharmos para o passado recente, o anúncio do aumento de capital do BES levou a uma forte procura por parte dos direitos e que se reflectiu na subida do preço da acção. Confesso que não esperava que os direitos subissem tanto como subiram, mas se o AC do BES trouxe bastante diluição o que se pode dizer do AC do BCP? Bem, o efeito diluitivo é muito, mas muito superior, senão repare-se: o BES pretende vender, através de uma Oferta Pública de Subscrição, 0,45 vezes o número de acções que tem actualmente em circulação que é de 3,61 mil milhões; já o BCP pretende vender 2,42 vezes o número de acções que tem em circulação que é de 14,27 mil milhões. Acho que esta explicação não deixa muitas dúvidas e se estava pessimista em relação ao BES estou 5,37 vezes mais pessimista em relação ao BCP.
O que esperar do mercado?
Apesar dum início de sessão fortemente negativo, em que as acções abriram com um gap em baixa de 9% (a cotação mais baixa desde Dezembro de 2013), as acções do BCP inverteram e fecharam o dia com uma valorização expressiva de 13,56% para os 18 cêntimos e um volume de negociação muito acima da média.
O que aconteceu foi uma Bear Trap, com o preço a activar o padrão de cabeça e ombros, numa base intradiária, mas a acabar por fechar bem acima da neckline dos 16 cêntimos. A forte subida de hoje acompanhada dum aumento anormal de volume, poderá trazer algum momentum de curto prazo. Na minha opinião, o BCP não deverá conseguir ultrapassar os 0,2050€ nos próximos dias, antes de fazer um novo mínimo. Se o fizer então serei obrigado a reconhecer que a minha visão pessimista estava errada e que o BCP terá caminho aberto para ir testar os máximos anuais nos 24 cêntimos.
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