terça-feira, 29 de abril de 2014

Galp sem energia positiva

Desde o início do ano a Galp valorizou uns escassos 4,3%, naquele que foi o pior arranque anual desde a OPV em 2006.

Ao ser uma empresa presente em toda a cadeia de valor de petróleo, desde a exploração e produção até à refinação e distribuição, a evolução da cotação da Galp está correlacionada com a do brent,  que serve de referência ao mercado europeu. Não é então de estranhar, que a tendência pouco definida das acções da energética acompanhe a lateralização do preço do barril de brent, que negoceia emparedado entre os 104 USD e os 112,40, com as interrupções ao fornecimento na Líbia a serem compensadas pelo aumento da produção nos Estados Unidos (+1,1 mb/d) e as notícias sobre a construção, sem atrasos, da plataforma petrolífera no Iraque.

Hoje, antes de abertura de mercado, a Galp apresentou resultados relativos ao primeiro trimestre de 2014, de 47 milhões de euros, um valor que fica aquém das estimativas dos analistas consultados pela Bloomberg. Em termos homólogos, o resultado líquido caiu 37,9%, ou seja, 29 milhões de euros. Ainda assim, o EBITA (resultados antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) subiu 4,8% para 265 milhões de euros “que se deveu essencialmente ao aumento da produção de petróleo e gás natural no negócio de Exploração e Produção (E&P) e à mais robusta atividade de supply & trading no negócio do Gás e Energia (G&P)”. O segmento da refinação foi o principal responsável pela quebra do lucro, na sequência do longo período de manutenção na refinaria de Sines, com a queda do crude processado mas também devido à descida das margens de refinação de mercado (diferença de preço entre a compra de barril de petróleo e a venda do produto refinado).
 
O impacto na cotação não foi significativo, cotando no momento em que escrevo praticamente à cotação de fecho de ontem, uma vez que nos resultados previsionais, divulgados pela Galp a 15 de Abril, a refinação era a área que se destacava pela negativa, estando este facto já incorporado no preço da acção.

No segmento da E&P os números foram positivos (cumprindo-se o aumento de produção antecipado no Brasil) pelo que este é neste momento o negócio estratégico para a empresa continuar a crescer.

Factores Positivos

A venda de 7,34% das acções que a italiana Eni detinha no capital social da Galp, no passado dia 28 de Março, já era expectável no final do ano passado, pelo que os investidores já podem deixar de adiar a compra de acções e focarem-se nas maiores perspectivas de crescimento e no potencial de subida do negócio da exploração.

O sector da exploração petrolífera, que se centra essencialmente no Brasil, Moçambique e em Angola, tem vindo a crescer e no dia 14 de Abril a empresa anunciou a aprovação da fase de desenvolvimento de um novo projecto denominado Kaombo, no Bloco 32 em águas ultra-profundas do offshore de Angola.

Outro factor a favor da Galp é a diversificação do negócio. Além da exploração e produção, a companhia nacional está presente na Refinação&Distribuição (transformação de petróleo em produtos refinados) e no Gas&Power (importação e venda de gás natural e produção de electricidade).
 
Principais Riscos Associados

Após ter começado a produzir petróleo no distante ano de 1991, em Angola, é no Brasil que a Galp tem hoje as maiores esperanças depositadas. O sucesso dos projectos de aceleração da produção das duas FPSO (floating, production, storage and offloading) que a Galp tem no Brasil (Cidade de Angra dos Reis e Cidade de Paraty) e a concretização de outros projectos, ainda na fase de exploração e desenvolvimento, irá reflectir-se nas contas de 2014 da Galp e ditará o rumo da cotação em bolsa da Galp nos próximos meses.

A nível interno os principais condicionante advêm da própria evolução da bolsa nacional e da guerra jurídica que o governo quer travar com a Galp para tentar fazer um reequilíbrio dos contratos de concessão na área do gás natural.

Conclusão

Para já a Galp não faz parte das minhas escolhas, até porque como referi na análise que fiz há dois dias, a longo prazo vejo o brent abaixo dos 100 USD. Dum ponto de vista mais técnico também não muito a dizer dado que a Galp se encontra a negociar em fase lateral há quase dois anos. Enquanto se mantiver acima do importante suporte dos 11,40€, mantenho a minha posição neutra.

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