quinta-feira, 11 de setembro de 2014

ALIBABA: será um verdadeiro negócio da China?

A maior empresa de comércio online da China vai dispersar o seu capital na bolsa americana já no próximo dia 19 de Setembro, naquela que é já considerada por muitos a maior operação financeira da história.
O que faz a Alibaba?                                                   
Fundada em 1999, a Alibaba é a maior empresa tecnológica de comércio online na China. A empresa facilita o processo de compra e venda de qualquer artigo entre compradores (sobretudo particulares) e vendedores (sobretudo empresas), anulando deste modo o custo com intermediários e baixando significativamente o preço dos produtos para o consumidor. Em troca a Alibaba cobra uma comissão de 3% sobre cada negócio efectuado.
O modelo de negócio é bastante simples e acarreta custos bastante baixos para a empresa uma vez que não necessita de ter qualquer inventário nem gerir stocks, transferindo esse custo para os anunciantes.
 
O comércio electrónico na China cresceu 71% entre 2009 e 2012, que compara com um crescimento de 13% nos Estados Unidos em igual período. Este gigante chinês tem beneficiado do crescimento da classe média chinesa e do aumento do poder de compra. Só em 2013 a Alibaba teve 630 milhões de utilizadores, um número que deverá aumentar nos próximos anos.
É neste mercado, onde ocupa uma posição dominante, que obtém 85% das suas receitas, tendo gerado um volume de negócios (VN) de 8,46 mil milhões de dólares no exercício de 2013, correspondente a um lucro líquido de 7,72 mil milhões de dólares.
 
Principais desafios
Os principais desafios passam pela capacidade da empresa em conseguir diversificar-se e reforçar a internacionalização através da entrada nos Estados Unidos e Europa. Outro factor prende-se com a concorrência crescente que pretende tirar à Alibaba o seu monopólio no mercado chinês. O conhecido motor de busca chinês, Baidu, já começou a desenvolver ferramentas para atacar o mercado do comércio electrónico.
Oferta Pública de Venda (OPV)
A Alibaba deverá estrear-se em bolsa na próxima 6ª feira, dia 19 de Setembro, com um preço a rondar o limite superior do intervalo definido (60 a 66 dólares). Considerando o valor de 66 dólares, a empresa será avaliada em 18 vezes o seu volume de negócios, ou seja,  165 bln USD e apresentará um PER (rácio entre o preço e o lucro líquido) de 44,89, o que me parece claramente exagerado, mesmo tendo em conta as expectativas de crescimento de 27%/ano do comércio online na China (senão compare-se com o Ebay que apresenta um PER de 21,74, menos de metade).
Conclusões
O timing para a OPV da Alibaba não podia ser melhor uma vez  que o Nasdaq se encontra em máximos anuais e o S&P500 em máximos históricos. A especulação em torno da Alibaba e a procura de empresas com forte crescimento gera sempre um grande entusiasmo na comunidade investidora, o que poderá levar a fortes subidas nas primeiras sessões.
 
O risco de comprar acções tão sobrevalorizadas (quando comparadas com outras empresas do mesmo sector e a cotar na mesma bolsa) é elevado. Ainda para mais, a Alibaba será cotada através de uma empresa sediada nas Ilhas Caimão uma vez que a lei chinesa tem bastantes restrições no que respeita a participações estrangeiras. Ou seja, os accionistas não terão qualquer voto na matérias no que respeita a decisões da administração da empresa.
 
Ainda assim acredito que poderá ser um bom investimento de curto prazo, pelo menos enquanto o Nasdaq não atingir os máximos a que cotou na bolha das dot.com nos 4800 pontos. A reboque deverá ir a Yahoo que tem uma participação superior a 20% no capital social da empresa.
 

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