A maior empresa de comércio online da China vai dispersar o seu capital
na bolsa americana já no próximo dia 19 de Setembro, naquela que é já
considerada por muitos a maior operação financeira da história.
O que faz a Alibaba?
Fundada em 1999, a Alibaba é a maior
empresa tecnológica de comércio online na China. A empresa facilita o processo
de compra e venda de qualquer artigo entre compradores (sobretudo particulares)
e vendedores (sobretudo empresas), anulando deste modo o custo com
intermediários e baixando significativamente o preço dos produtos para o
consumidor. Em troca a Alibaba cobra uma comissão de 3% sobre cada negócio
efectuado.
O modelo de negócio é bastante simples
e acarreta custos bastante baixos para a empresa uma vez que não necessita de
ter qualquer inventário nem gerir stocks, transferindo esse custo para os
anunciantes.
O comércio electrónico na China
cresceu 71% entre 2009 e 2012, que compara com um crescimento de 13% nos
Estados Unidos em igual período. Este gigante chinês tem beneficiado do
crescimento da classe média chinesa e do aumento do poder de compra. Só em 2013
a Alibaba teve 630 milhões de utilizadores, um número que deverá aumentar nos
próximos anos.
É neste mercado, onde ocupa uma
posição dominante, que obtém 85% das suas receitas, tendo gerado um volume de
negócios (VN) de 8,46 mil milhões de dólares no exercício de 2013,
correspondente a um lucro líquido de 7,72 mil milhões de dólares.
Principais desafios
Os principais desafios passam pela
capacidade da empresa em conseguir diversificar-se e reforçar a
internacionalização através da entrada nos Estados Unidos e Europa. Outro
factor prende-se com a concorrência crescente que pretende tirar à Alibaba o
seu monopólio no mercado chinês. O conhecido motor de busca chinês, Baidu, já
começou a desenvolver ferramentas para atacar o mercado do comércio
electrónico.
Oferta Pública de Venda (OPV)
A Alibaba deverá estrear-se em bolsa
na próxima 6ª feira, dia 19 de Setembro, com um preço a rondar o limite
superior do intervalo definido (60 a 66 dólares). Considerando o valor de 66
dólares, a empresa será avaliada em 18 vezes o seu volume de negócios, ou
seja, 165 bln USD e apresentará um PER
(rácio entre o preço e o lucro líquido) de 44,89, o que me parece claramente
exagerado, mesmo tendo em conta as expectativas de crescimento de 27%/ano do
comércio online na China (senão compare-se com o Ebay que apresenta um PER de
21,74, menos de metade).
Conclusões
O timing para a OPV da Alibaba não podia ser melhor
uma vez que o Nasdaq se encontra em
máximos anuais e o S&P500 em máximos históricos. A especulação em torno da
Alibaba e a procura de empresas com forte crescimento gera sempre um grande
entusiasmo na comunidade investidora, o que poderá levar a fortes subidas nas
primeiras sessões.
O risco de
comprar acções tão sobrevalorizadas (quando comparadas com outras empresas do
mesmo sector e a cotar na mesma bolsa) é elevado. Ainda para mais, a Alibaba
será cotada através de uma empresa sediada nas Ilhas Caimão uma vez que a lei
chinesa tem bastantes restrições no que respeita a participações estrangeiras.
Ou seja, os accionistas não terão qualquer voto na matérias no que respeita a
decisões da administração da empresa.
Ainda assim
acredito que poderá ser um bom investimento de curto prazo, pelo menos enquanto
o Nasdaq não atingir os máximos a que cotou na bolha das dot.com nos 4800
pontos. A reboque deverá ir a Yahoo que tem uma participação superior a 20% no
capital social da empresa.
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