A Inapa é a empresa líder no sector da distribuição de
papel em Portugal e também uma das acções em destaque, no dia de hoje, na bolsa
nacional.
As acções da Inapa já estiveram a subir mais de 10% na
sessão de hoje, depois de ter sido noticiado que a CGD (33,02%) e a Parpública
(10,88%) poderão ser obrigadas a lançar uma OPA sobre os restantes 56% que não
controlam da empresa.
Esta decisão ainda não está tomada, estando neste
momento em análise na CMVM. A concretizar-se, coloca a CGD numa situação
delicada, pois em vez de estar a vender activos e negócios descorrelacionados
com o seu core business, como exigia o memorando assinado com a Troika,
passaria a deter uma empresa inserida num sector completamente diferente e
ainda por cima sem o querer. E passo a explicar porquê…
Em Outubro de 2011, a empresa liderada por Félix
Morgado fez um aumento de capital, em que foram emitidas 300 milhões de acções
preferenciais, que não concediam direitos de voto, a adicionar às já existentes
150 milhões de acções ordinárias (com direito de voto). Até aqui tudo bem. O
problema é que as acções preferenciais, embora não conferissem direito de voto,
passariam a fazê-lo caso, por dois anos seguidos, não recebessem dividendos. Foi
precisamente isso que aconteceu e, o que inicialmente foi encarado como um
investimento, passa agora a uma grande dor de cabeça para o banco do estado.
Antes das acções preferenciais, emitidas em 2011, concederem
direito de voto em 2014, a CGD, através da sua gestora de participações
Parcaixa, detinha apenas 0,002% da Inapa. Com esta nova alteração, e tendo sido
a Parcaixa quem mais investiu em 2011 no aumento de capital da Inapa, vê-se agora
com uma posição de 33,02% no capital social da empresa.
Relembro, para quem não sabe, que segundo a lei
nacional, que transpõe as directivas comunitárias sobre as Ofertas Públicas de
Aquisição (OPAs), é obrigatório o lançamento duma OPA quando uma empresa detem
pelo menos 33% dos direitos de voto, de forma directa, ou 50% se os direitos
de voto forem detidos indirectamente.
Tecnicamente, a acção reintegrou a linha de tendência
ascendente (anteriormente quebrada) que guiou todo o Bull Market da acção desde Junho de 2012. A
divulgação do aumento de 33% dos lucros trimestrais da empresa, para os 1,5
milhões de euros, no dia 21 de Maio, tem levado a acção a subir nas últimas 4 sessões
consecutivas.
Com os resultados trimestrais já divulgados, o futuro da evolução da cotação da Inapa passa pela resolução desta situação. Em cima da mesa está uma venda de parte da posição da CGD e/ou Parpública, de modo a poder baixar a barreira dos 33%, e assim evitar a OPA. Se este caminho for aprovado pelo regulador, poderemos dar continuidade à queda da acção que, desde os seus máximos nos 0,37€, já desvalorizou mais de 20%.
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