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sexta-feira, 25 de julho de 2014

"Sell in May and Go Away" (Actualização)

Na edição de hoje do jornal Vida Económica, saiu uma actualização ao artigo que publiquei no blog no dia 20 de Abril, tendo em conta a evolução do índice PSI-20 entre essa data e a última 6ª feira (18 de Julho).
 
As conclusões a que cheguei são as mesmas: a estratégia de estar investido no mercado nacional entre Novembro e final de Abril continua a suplantar a estratégia inversa e a estratégia de "Buy and Hold".
 
Deixo-vos o excerto do jornal, onde consta o artigo.
 
 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Os melhores filmes e documentários sobre trading e mercados financeiros

Hoje decidi deixar um pouco de parte a esfera da análise e da opinião e focar-me na "vertente cinéfila" do trading. Sempre gostei de cinema e por isso mesmo decidi compilar o melhor de dois mundos: uma lista de filmes e documentários sobre mercados financeiros e trading no geral, que me acompanharam desde os primeiros anos de investidor até à data actual, e que me fizeram aprender, sonhar e sobretudo passar bons momentos.
 
Filmes
 
Documentários e Séries de TV
  1. BBC. The love of Money 1, 2 and 3
PS: Sou capaz de me ter esquecido de um ou outro. Se se lembrarem de mais algum publiquem nos comentários que eu depois actualizo o post.
 
 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Velas Japonesas Capítulo 2 | Parte 1: Padrões de inversão (Hammer e Hanging Man)

O capítulo de hoje incide sobre o homem enforcado e o martelo. Enganem-se aqueles que pensam que hoje vou falar sobre filmes de terror ou métodos de tortura. Trata-se de dois dos mais conhecidos padrões de inversão com base em velas japonesas.
Os padrões de inversão da análise técnica tradicional são sobejamente conhecidos da maioria dos investidores: duplos topos, triplos topos, duplos fundos, cabeça-e-ombros, “Island reversal”, entre outros… No entanto, o termos inversão pode gerar alguma confusão. Quando falamos de reversão não significa necessariamente que a tendência primária de longo prazo se irá alterar abruptamente para uma nova tendência no sentido inverso. Normalmente estas inversões demoram tempo e requerem alguma paciência. Aqui fala-se de inversões nas tendências de grau inferior, de mais curto prazo, e os padrões com velas japonesas fornecem indicações gráficas preciosas que poderão ser aproveitadas pelos investidores de forma a melhorarem o timing de entrada e saída do mercado e a colocação de ordens stop loss e take profit.
Dois dos padrões de inversão mais simples, e constituídos por uma única vela, são o martelo (hammer) e o homem enforcado (hanging man). Segundo Steve Nison, estes padrões podem ser identificados por 3 critérios:
1)      O corpo da vela está no topo do range de negociação.  A cor do corpo da vela não é importante.
2)      Têm uma sombra inferior cujo comprimento deverá ser pelo menos 2 a 3 vezes a altura do corpo da vela.
3)      Não deverá ter sombra superior (ou no caso de ter que seja muito curta)
Segundo o mesmo autor existem ainda 3 aspectos que diferenciam um hammer dum hanging man:
  • Tendência: um hammer surge após uma queda e um hanging man após um rally;
  • Dimensão do movimento que antecedo o aparecimento da vela: um martelo é válido mesmo quando aparece após uma queda de curto prazo, enquanto o hanging man deverá surgir após um rally mais extenso, de preferência formando um novo máximo relativo;
  • Confirmação: um hanging man carece de confirmação (com a vela seguinte), ao contrário do hammer.
 
A validade e significância destes padrões é directamente proporcional ao tamanho da sombra inferior e inversamente proporcional ao tamanho do corpo da vela e da sombra superior. Ou seja, quanto maior a sombra inferior mais bullish é o hammer e mais bearish o hanging man e quanto mais pequeno for o corpo da vela e sombra superior mais bullish é o hammer e mais bearish o hanging man.
Hammer
O aparecimento dum hammer é bastante comum, qualquer que seja o horizonte temporal em que o investidor negoceie. Quanto mais dilatado for o horizonte temporal, mais viável é seguir este tipo de sinais, ou seja, um martelo em gráfico diário é muito mais fiável que um martelo em gráfico horário.
Idealmente, a vela dum martelo deverá ter um corpo muito pequeno, o que significa que o mercado fechou perto do máximo. A cor do corpo da vela é indiferente, sendo que se for branco é ligeiramente mais bullish.
No exemplo abaixo, temos o gráfico diário da Galp. O aparecimento dum hammer, no dia 4 de Fevereiro de 2014, sinalizou uma inversão na tendência e deu origem a um novo movimento ascendente. A colocação do stop loss, para quem entra no mercado com base no aparecimento de um martelo, é bastante fácil e deverá ser feita abaixo do mínimo da sombra inferior, conforme exemplificado.

Hanging Man
A vela hanging man é mais incomum e deverá surgir depois de um rally prolongado. É muito importante o investidor aguardar por uma confirmação na vela seguinte, em que o preço de fecho deverá ser abaixo do corpo da vela do hanging man. A lógica por detrás desta confirmação está relacionada com a forma como a vela do hanging man é gerada. Este tipo de velas surge habitualmente quando, depois do mercado abrir perto dos máximos, se assiste a um sell-off seguido de novo movimento altista, que faz com que o mercado feche perto do preço de abertura. Se o mercado abrir em queda na sessão seguinte, aqueles que compraram no início ou no fecho da sessão anterior (alturas em que ocorre a maior parte da negociação), encontram-se com perdas. O fecho dessas posições perdedoras irá pressionar ainda mais o preço em baixa, conduzindo a um acelerar do movimento descente. Quanto maior for o gap (em baixa) entre o preço de fecho da vela do hanging man e o preço da abertura do dia seguinte, maior é a probabilidade do hanging man ser um topo.
No dia 9 de Janeiro de 2014, a SonaeCom formou um hanging man que originou uma inversão de tendência de médio prazo. Desde o seu aparecimento, a SonaeCom já corrigiu 25%. Como se pode constatar a vela negativa de dia 10 de Janeiro, confirmou a força bear do mercado. Mais uma vez, o stop loss deverá ser colocado acima do máximo do corpo do hanging man (neste caso particular acima dos 2,66€).

domingo, 11 de maio de 2014

Velas Japonesas (1º Capítulo): Construção das velas japonesas

Ultimamente, tenho reparado que existe algum desconhecimento sobre o uso dos gráficos e padrões com base em velas japonesas, no seio da comunidade investidora.

Desde que iniciei este blogue, em Fevereiro deste ano, já recebi várias mensagens privadas com questões relacionadas sobre este tema: se determinada acção formou um martelo na sessão diária? Se um hanging man necessita de confirmação? Será que a acção X formou um dark cloud cover ou será um bearish engulfing pattern? Para alguns de vocês estes termos serão familiares, mas para outros nem por isso.

Hoje não vou aqui fazer análises nem dar a minha opinião sobre um activo específico. Este artigo pretende ser o primeiro de uma série de vários artigos didácticos sobre este apaixonante tema.

Algum Background

As velas japonesas, assim chamadas porque as linhas parecem velas, são usadas no oriente há vários séculos. No ocidente ficaram conhecidas pela mão de Steve Nison, autor do conhecido livro (e o qual recomendo) “Japanese Candlestick Charting Techniques”, no início dos anos 90.

A primeira pessoa conhecida a usar velas japonesas no Japão  foi o Sr. Munehisa Homma, que fez uma grande fortuna a negociar no mercado do arroz, durante o século XVIII. Anteriormente a Homma, o Japão esteve em guerra entre 1500 e 1600, período conhecido como “Sengoku Jidai”. Não é então de estranhar, que muitos dos nomes usados nas velas japonesas tenham analogia a termos e situações de guerra (como por exemplo, “advanced three soldiers pattern”, “night and morning attacks” ou “hanging man” ).

Porque é que as velas japonesas começaram a ser usadas pela maior parte dos traders?

Nos dias de hoje, a maioria das plataformas de análise, para não dizer todas, inclui a opção de ver os gráficos em velas japonesas.  Não querendo exagerar, diria que quase 70% dos investidores usam, ou já usaram pelo menos uma vez, gráficos de velas japonesas. Segundo Steve Nison, o uso generalizado das velas japonesas deve-se a vários factores:

- São fáceis de compreender;
- Fornecem-nos sinais antecipados de inversão;
- Dão-nos mais informação que qualquer outro tipo de gráfico (linhas, barras, etc);
- Os nomes dados aos padrões são apelativos e engraçados de aprender;
- Funcionam como uma ferramenta complementar ao uso da análise técnica comum;
- Aumentam a eficiência da análise.

Construção das velas japonesas

Basicamente, as velas japonesas apresentam, de uma forma gráfica diferente, a mesma informação de um gráfico de barras tradicional, ou seja, os preços de abertura e fecho e o máximo e mínimo da sessão. As velas japonesas apenas apresentam esta informação de forma mais perceptível e apelativa ao investidor.

As velas japonesas são aplicáveis a qualquer timeframe. Uma vela pode representar um período de negociação de 15 minutos, como pode representar toda uma semana de negociação. A informação que ela contém é lida da mesma maneira.

Como se pode ver na figura abaixo, à secção rectangular da imagem chama-se corpo da vela. O corpo da vela representa o intervalo entre o preço de abertura e o preço de fecho da sessão. Quando o corpo da vela é preto (ou vermelho, dependendo da cor que escolhemos), o preço de fecho da sessão foi inferior ao preço de abertura. Quando o corpo da vela é branco (ou verde), o preço de fecho da sessão  foi superior ao preço da abertura, constituindo assim uma vela positiva.

As linhas acima e baixo do corpo da vela são as sombras da vela e representam os preços extremos da sessão de negociação. O valor máximo da sombra superior representa o preço máximo a que o activo cotou naquele período e o valor mínimo da sombra inferior, o preço mínimo a que o activo cotou.
 
 
Se uma vela não tiver sombra superior ou inferior designa-se por shaven head (cabeça rapada) ou shaven bottom (fundo rapado), respectivamente.

Os japoneses costumam dizer que o corpo da vela é a “essência do movimento do preço”. Um olhar atento sobre o tamanho e a cor do corpo duma vela, permite ao investidor ter uma percepção gráfica rápida de quem é que está a influenciar o mercado, se os bulls se os bears. O tamanho do corpo da vela também pode ser usado para aferir o momentum do mercado: quanto maior o corpo da vela, maior o momentum.
 
Como diz um provérbio oriental, “Cada jornada de mil quilómetros, começa com o primeiro passo”. Este artigo é o primeiro passo para a total compreensão das técnicas de análise com base em velas japonesas.

domingo, 20 de abril de 2014

"Sell in May and Go Away"

Como em quase tudo na vida na bolsa também há altos e baixos. Existem períodos de grande euforia, que são seguidos de períodos de depressão e desânimo generalizado.
 
Porém, se soubéssemos de antemão quais os meses probabilisticamente mais fortes e quais os mais fracos, poderíamos usar essa informação a nosso favor.
 
Venda em Maio e vá embora!
 
Esta é uma das máximas mais antigas em Wall Street e que diz que os investidores devem vender as suas acções em Maio, de modo a evitar a queda sazonal, e voltar ao mercado em Novembro, evitando assim o período de maior volatilidade entre Maio e Outubro. A estratégia é baseada na underperformance histórica das acções no período de seis meses que se inicia em Maio e termina em Outubro.
 
Os números falam por si: por cada dólar investido, apenas durante os melhores 6 meses (Novembro a Abril), no índice americano Dow Jones Industrial Average (DJIA), o investidor teria 50 dólares ao fim de 57 anos, graças à rendibilidade média anual de 7,11%. Isto considerando que, nos restantes 6 meses (Maio a Outubro), aplicasse o dinheiro no mercado monetário (num depósito a prazo, por exemplo).
 
Seguindo a lógica inversa, ou seja, investindo um dólar durante os piores 6 meses, resultaria nuns escassos 1,07 dólares, correspondente a um ganho média anual de 0,13%.
 
Apesar de não existirem factos concretos que suportem este fenómeno, os académicos apontam algumas razões que podem explicar o sucesso da estratégia:
 
  1. Em Maio termina o período de devolução do IRS nos EUA. Quando acabam as devoluções, terminam também as injecções de capital na bolsa;
  2. Quando chega o verão, as pessoas vão de férias e deixam um pouco de parte os investimentos. Como consequência a liquidez dos mercados baixa e tende a limitar os ganhos nas acções;
  3. Com a aproximação do Outono, e início do ano lectivo, os investidores voltam a concentrar-se na constituição das suas carteiras;
  4. Os fundos de investimentos tendem a reajustar as carteiras em Outubro, antes do final do ano fiscal;
  5. Os bónus pagos aos funcionários no final de ano fazem aumentar os fluxos monetários no mercado bolsista e ajudam a contribuir para o famoso rally de Natal e de início de ano.
  6. A antecipação dos investidores à divulgação dos resultados das empresas, relativa ao 1º trimestre do ano, sustenta os meses de Março e Abril.

Como é óbvio existem algumas limitações a esta estratégia, quando comparada com uma estratégia de “Buy and Hold” (comprar e deixar ficar), como é o caso do acréscimo de custos de transacção resultantes das entradas e saídas do mercado.
 
Ainda assim, salvo alguns anos de excepção (que confirmam a regra), está demonstrada estatisticamente a eficácia desta estratégia no mercado americano. Mas será que a mesma se pode aplicar ao mercado português?
 
Resolvi pegar num período mais curto, e estudar os últimos 10 anos de negociação do PSI-20. Os resultados foram convincentes!
 
Um investidor que tivesse seguido a estratégia “Sell in May and Go Away”, com uma carteira de 10.000€, desde Janeiro de 2004 até à última 6ª feira, dia 17 de Abril, teria rentabilizado o seu capital em 57,61%, o equivalente a 5,76% ao ano. Este valor compara com os 7,11% de média anual para DJIA. No entanto, há uma diferença importante. Não considerei a aplicação do capital no mercado monetário, durante os 6 meses que o investidor não está no mercado accionista.
 
Já o investidor que tivesse seguido a estratégia inversa, ou seja, estar investido no PSI-20 entre Maio e Outubro e fora entre Novembro e Abril, teria tido chegado à última 6ª feira com 6699€, o equivalente a -3,3% por ano.
 
Só a estratégia “Buy and Hold” suplantou, em alguns períodos, a estratégia “Sell in May and Go Away”. Foi o caso do fortíssimo Bull Market, entre 2005 e 2007, em que quem tivesse seguido a primeira estratégia teria aproveitado melhor as subidas do que quem se tivesse mantido fiel à segunda. Ainda assim, num horizonte temporal mais dilatado, seguir a estratégia “Sell in May and Go Away” continua a ser mais vantajoso. Quem tivesse mantido as acções em carteira, desde Janeiro de 2004 até agora, teria agora uns modestos 10.897€. Esperar 10 anos para lucrar cerca de 9%? A melhor ideia é mesmo aproveitar o “timing” do mercado.
 
Agora que nos aproximamos do final de Abril, não deixe que os meses de verão torrem a sua carteira.