quinta-feira, 31 de julho de 2014

Bes: e agora?

Ontem à noite o BES apresentou um prejuízo recorde de 3,57 mil milhões de euros relativo ao primeiro semestre do ano. A administração do banco apontou que este valor se deveu a “factores extraordinários”, tendo contabilizado 4,3 mil milhões de euros só em imparidades relacionadas com provisões para eventuais perdas relacionadas com empresas do GES, provisões relacionadas com a desvalorização das acções da PT (onde o BES detêm uma posição de 10%), desvalorização dos activos do banco AMan Bank na Líbia, entre outras. A actividade da banca de retalho em Portugal também não foi famosa e a subida do crédito em 0,3% não foi suficiente para compensar a quebra dos depósitos de clientes em 5,2%, O rácio de crédito/depósitos caiu de 129% em Março para 126% em Junho.
 
A proibição da CMVM da venda a descoberto das acções do BES e a suspensão da negociação dos títulos, antes da abertura da sessão, não foi suficiente para impedir uma abertura com um gap em baixa de mais de 35%. A acção chegou mesmo a registar um mínimo nos 17 cêntimos mas a existência  de grandes ordens de compra neste preço, levou a um ressalto significativo até aos 28,6 cêntimos. Apesar de parecer pouco esta subida equivale a 68% de valorização (um movimento interessante para quem gosta de fazer trading de mais curto prazo).
 
E agora?
 
Há mais ou menos um mês escrevi uma análise intitulada “O Fim do Bull Market do BES”. Nessa altura a acção cotava a 0,78€ e tinha acabado de acontecer sinal técnico importante: um “death cross”, ou seja, o cruzamento das médias móveis de 50 e 200 dias em baixa. Foi mais que a tempo de quem ainda detinha acções do BES sair do título e minimizar as perdas. Passado mais de um mês, a acção cota mais de 50 cêntimos abaixo e a pergunta que se impõe é: quando é que esta sangria vai parar?
 
Gostaria de vos poder dar uma resposta conclusiva mas a verdade é que a resposta a esta pergunta é difícil de encontrar e dependerá muito da forma como o banco conseguir transmitir ao mercado os próximos passos a dar na recapitalização do banco e o caminho a ser seguido. Temos ainda a incerteza relativamente à nova data para a assembleia geral, que deveria ter sido realizada hoje, e as conclusões que daí saírem.
 
Os elevados prejuízos deixaram a instituição, liderado por Vítor Bento, com o rácio de solidez financeira "common equity tier 1" de 5%, muito abaixo do mínimo exigido pelo Banco de Portugal de 7%. O caminho mais provável será um aumento de capital entre os 1.500 milhões e os 3.000 milhões de euros e a venda de activos como a posição de 10% na PT.
 
Tecnicamente, o mercado fechou hoje com uma vela doji, a mostrar algum equilíbrio entre pressão compradora e vendedora. Os 0,17€ funcionam agora como um importante suporte e poderemos assistir a uma correcção técnica em alta, tendo como objectivo o fecho do gap nos 0,34€.
 
 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Jerónimo Martins desilude os investidores

A Jerónimo Martins apresentou resultados líquidos de 144,9 milhões de euros entre Janeiro e Junho de 2014, o que representa uma quebra de 12,4% face a igual período do ano passado.

Apesar das vendas terem aumentado 7,2%, o facto de dois terços dessas mesmas vendas terem sido feitas na Polónia afectou os resultados do grupo devido à queda da inflação na Polónia.

Esta quebra nos lucros é também justificada pelo impacto do investimento inicial que foi feito na unidade colombiana Ara e nas farmácias polacas Hebe.

Os investidores reagiram negativamente a estas notícias e a acção abriu hoje com um gap em baixa, encontrando-se a desvalorizar mais de 13% para os 10,13€, o valor mais baixo desde Outubro de 2010. A Jerónimo Martins tem resistência nos 10,75€/11,25€. Poder-se-á esperar uma vinda a esta resistência mas a tendência de queda deverá continuar no médio prazo.
 

terça-feira, 29 de julho de 2014

Actualização dos trades em Dax e USDCAD

Esta semana será sem dúvida bastante atribulada do outro lado do Atlântico, com a divulgação da confiança do consumidor, PIB do 2ª trimestre, a decisão sobre a taxa de juro da FOMC, pedidos semanais de subsídio de desemprego,  non-farm payrolls, taxa de desemprego e ISM Manufacturing Index.  
 
Às 15h00 GMT foi divulgado o índice de sentimento económico do consumidor nos Estados Unidos, relativo ao mês de Julho, muito acima do esperado (Act. 90.0 vs Exp. 85.4). Em reacção, as obrigações do tesouro americano a 10 anos caíram 2,5 ticks de 125.10 para os 125.08, o dólar índex fez novos máximos diários e os índices americanos reagiram em alta.
A nossa carteira de investimentos sofreu algumas modificações: o trade em USDCAD foi stopado 1,0820, fruto do fortalecimento do dólar, e saí do trade em Dax a 9610 pontos, com um ganho de 80 pontos.
 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

BCP forma vela de Shooting Star e retoma tendência descendente

Na passada 6ª feira a agência Moody´s subiu o rating da dívida nacional de Ba2 para Ba1, com uma perspectiva estável, e apenas a um nível de sair da categoria “lixo”. A agência apontou como principais razões para esta melhoria do rating, o facto de esperar que a consolidação orçamental continue no bom caminho, a “posição de liquidez confortável, com o regresso aos mercados, e a redução gradual do elevado endividamento público.
 
Na última sessão da semana passada, o BCP abriu bastante impulsionado pelas expectativas em relação à apresentação dos resultados do primeiro semestre do ano, números que serão conhecidos depois do fecho da sessão de hoje, mas rapidamente inverteu com a pressão vendedora associada à admissão à negociação das novas acções resultantes do aumento de capital.
 
Na última sessão o BCP formou uma vela de Shooting Star. Uma  Shooting  Star  é  uma  vela  com  um  corpo  pequeno  no  final  do  seu range de negociação e uma sombra superior bastante comprida. Esta vela sinaliza uma inversão na tendência e que aliás foi confirmada pela vela negativa de hoje. Após as fortes quedas do BCP das últimas semanas, o rally iniciado no dia 22 de Julho foi aproveitado pelos investidores para se desfazerem das acções e minimizarem as perdas.
 
O aparecimento duma vela deste tipo, leva-me a crer que a subida poderá ter chegado ao fim. A apresentação de resultados de hoje do BCP, e do BES na 4ª feira, poderá trazer alguma volatilidade ao título. Ainda assim não acredito que passe dos 13,30 cêntimos (máximo da vela da shooting star) e acredito mesmo que o BCP possa chegar aos 8 cêntimos a curto prazo. Os 8 cêntimos além de constituir um suporte importante é também o objectivo teórico do cabeça e ombros que foi activado pelo BCP, conforme exemplificado no gráfico.
 
 

sexta-feira, 25 de julho de 2014

"Sell in May and Go Away" (Actualização)

Na edição de hoje do jornal Vida Económica, saiu uma actualização ao artigo que publiquei no blog no dia 20 de Abril, tendo em conta a evolução do índice PSI-20 entre essa data e a última 6ª feira (18 de Julho).
 
As conclusões a que cheguei são as mesmas: a estratégia de estar investido no mercado nacional entre Novembro e final de Abril continua a suplantar a estratégia inversa e a estratégia de "Buy and Hold".
 
Deixo-vos o excerto do jornal, onde consta o artigo.
 
 

Actualização dos trades da carteira

Ouro
 
Fechei ontem, no ponto de break-even, a posição longa que detinha em ouro desde dia 15 de Julho. Saí assim a USD 1294,78 com ganho nulo.
 
Trigo
 
O trade curto em trigo, que abri no dia 18 de Julho a USD 549, tem corrido bastante bem, tendo o trigo desvalorizado mais de 3% desde então. Resolvi proteger ganhos, passando o stop loss para os USD 546.
 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Estranha reacção do USDCAD à divulgação das vendas a retalho levam-me a abrir uma posição curta

Há 3 dias atrás referi que iria aguardar pelas divulgação das vendas a retalho no Canadá para tomar uma posição em USDCAD.
 
Pelas razões que apontei nessa análise estava mais inclinado para a abertura duma posição longa, mas os acontecimentos de ontem vieram alterar por completo a minha visão. E passo a explicar porquê...
 
As core retail sales no Canadá aumentaram apenas 0,1% m/m, quando o mercado antecipava uma subida de 0,3%. Este dado, por si só, deveria ter levado o USDCAD a disparar em alta. Ainda por cima ontem foi um dia positivo para o dólar, pelo que teríamos todos os ingredientes necessários para levar a uma subida no par cambial.

Em vez disso o USDCAD caiu e registou novos mínimos semanais nos 1,0725, o que é um claro sinal de que existe muita pressão vendedora no mercado.

Decidi abrir um curto a 1,0722 com stop loss a 1,0820 e take profit a 1,0540.

terça-feira, 22 de julho de 2014

O novo PSI-19

Depois de ter regressado ao PSI-20 em Junho do ano passado, a gestora da praça lisboeta decidiu retirar a Espírito Santo Financial Group (ESFG) do PSI-20, passando o índice a integrar 19 empresas temporariamente.
 
A negociação das acções da ESFG já estava suspensa desde dia 10 de Julho, depois da própria empresa ter pedido a sua suspensão devido às dificuldades que o seu maior acionista, a Espírito Santo Internacional, estava a sentir. Todo o grupo Espírito Santo tem estado sob forte pressão devido a receios sobre a sua solidez financeira.
 
A empresa saiu hoje do principal índice da bolsa nacional com a sua negociação ainda suspensa e com cada acção a valer 1,185€, menos 77% do que quando foi promovida ao PSI-20 em 24 de Junho de 2012. É o segundo regresso desastroso para o ESFG depois de em 2012, ano em que se iniciou o Bull Market do PSI-20, ter perdido cerca de 10% do seu valor. Se já considerava o ESFG uma empresa desinteressante, o corte no rating da holding pela agência de notação financeira Moody’s em três níveis, de B2 para Caa2, ficando apenas três níveis acima da situação de incumprimento (”default”), acrescido do agravamento do perfil de risco de crédito, levam-me a retirar a empresa do meu radar.
 
A despromoção do ESFG ao PSI-Geral levantou agora um problema para a gestora da praça portuguesa: Qual será a cotada que irá preencher esta vaga já na próxima revisão trimestral em Setembro?
 
Relembro que, no início do ano (Março 2014), entraram em vigor os novos critérios de admissão ao PSI-20 (quem quiser ler os detalhes completos das novas regras poderá fazê-lo aqui). Além da maior exigência no que respeita à percentagem de capital disperso em bolsa (free float), que passa agora a ser de 15%, as empresas candidatas deverão também cumprir um novo critério de elegibilidade: um mínimo de €100 milhões para a capitalização bolsista efetivamente dispersa (Free float market capitalization). É precisamente neste ponto que reside o principal problema. Nenhuma das acções candidatas cumpre o critério dos 100 milhões de euros de capitalização. As duas empresas que estão mais próximas de atingir esse critério são a Espírito Santo Saúde e a Novabase, com capitalizações de 52 milhões e 42 milhões de euros, respectivamente.
 
Contudo, este factor não é de todo preocupante dado que o novo critério de dimensão mínima prevê que o PSI-20 possa ter 18 constituintes.
 
O PSI-20 continua a recuperar das grandes quedas que teve, mas agora com 19 cotadas!
 

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Banco do Canadá prevê primeiro aumento na taxa de juro só daqui a 2 anos

No dia seguinte à divulgação do relatório sobre política monetária, o governador Poloz do Banco do Canadá disse que o primeiro aumento da taxa de juro de referência só será daqui a 2 anos. Apesar dos recentes bons dados macroeconómicos e do aumento recente da inflação no Canadá, o BoC só deverá aumentar a taxa de juro de referência depois dos Estados Unidos o fazerem, o que está previsto para 2015.
 
Posto isto, estão reunidos os ingredientes para uma nova subida no USDCAD. Tecnicamente, o USDCAD parou a sua queda nos 1,06. Apesar de assustadora, esta queda representou, nada mais nada menos que 38,2% de todo o movimento de subida desde Setembro de 2012. Para já a média móvel de 50 dias (vermelho) conseguiu travar novas subidas no USDCAD.
 
Vou aguardar pela divulgação das vendas a retalho na 4ª feira para poder tomar uma posição em USDCAD.
 
 

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Movimento especulativo no trigo dá bom ponto de entrada curta

Na análise que fiz na semana passada ao trigo, apontei as razões fundamentais que me levavam a continuar bearish no trigo. No entanto, chamei a atenção para o facto de que, no curto prazo, poderíamos assistir a uma correcção em alta, fruto da divergência positiva existente entre o indicador de estocástico e o preço.
 
Nessa mesma análise, referi também que aguardava uma vinda á zona dos USD 550 para iniciar uma posição curta, o que acabou por acontecer na sessão de ontem, depois do abatimento dum avião comercial da Malaysian Airlines perto da região de Donetsk, ter renovado preocupações em relação às tensões na região e possíveis interrupções na exportação de cereais.
 
O preço do trigo chegou a subir mais de 4% mas acabou por fechar com uma valorização mais modesta de 2,4%. Esta reacção foi, na minha opinião, meramente especulativa e baseada em receios infundados de que surjam dificuldades em fazer chegar o trigo aos portos ucranianos, situados no sul do país, e que abastecem os compradores do “Mar Negro”.
 
 
Posto isto, e tendo em consideração que os fundamentais continuam válidos, iniciei uma posição curta em trigo a USD 549 com stop loss a USD 576 (acima do nível 61,8% de fibo) e take profit nos USD 460. Depois dum reteste à zona de resistência dos USD 550 o trigo deverá agora retomar a sua tendência descendente, tal como exemplificado no gráfico.
 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Rumor de mercado aponta para abatimento dum avião comercial em território ucraniano

Notícia de última hora: rumores apontam para que um avião comercial (Boeing 777) da Malásia Airlines tenha sido abatido por um míssil em território ucraniano. As forças separatistas de Donetsk já negaram o envolvimento.
Esta notícia bombástica está a pressionar os índices europeus e americanos que já tinham aberto a sessão diária em queda, na sequência dos Estados Unidos terem reforçado as sanções à Rússia e dos líderes europeus terem pedido ao Banco de Investimento Europeu para suspender os novos empréstimos à Rússia.
Ambos os factores têm contribuído para o bom desempenho dos trades que mantenho abertos.  O Ouro registou novos máximos nos 1318 USD e o Dax já cotou nos 9730 pontos.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Junho: o primeiro mês negativo da carteira

Como já vem sendo hábito desde Fevereiro, no final de cada mês publico os trades e a rentabilidade da minha carteira pessoal de investimentos.
 
Quem tem seguido com atenção a evolução da mesma, e porventura lucrado com alguns dos trades que são dados, sabe que até ao passado mês de Maio a evolução tinha sido positiva, com todos os meses a trazerem mais alguns pontos percentuais de valorização à minha carteira e também à daqueles que os têm seguido. De Fevereiro a Maio quem seguiu criteriosamente os trades que foram recomendados, obteve uma rentabilidade bruta de 38,53%, isto é, sem considerar o efeito das comissões e spreads aplicáveis.
 
Hoje infelizmente não trago boas notícias: o mês de Junho trouxe-me as tão indesejadas perdas. Num mês em que estive mais ausente dos mercados, por motivo de umas bem merecidas férias, fiz apenas três novas operações, que em conjunto com os trades que já vinham do mês de Maio e que foram fechados em Junho, totalizaram perdas de 17,35%. Terminei assim o mês de Junho com uma rentabilidade acumulada de 21,18% em 5 meses. Não é brilhante, dirão alguns, mas também não é mau de todo.
 
Desenganem-se aqueles que acham que um bom trader nunca apresenta rentabilidades negativas em timeframes mais curtos como sejam semanas ou mesmo meses. Como já disse, e volto aqui a repetir, um bom trader é aquele que consegue rentabilidades consistentes entre 20 e 30% ano após ano.
 
Continuarei a dar as minhas opiniões e partilhar com vocês os meus trades e a minha carteira, focado no meu principal objectivo: ganhar consistentemente ano após ano!
 
Estatísticas da Conta
 
 
Evolução do Balanço
 
 

terça-feira, 15 de julho de 2014

Queda no ouro dá oportunidade de entrada

O testemunho semi-annual de Janet Yellen era o evento mais esperado da semana e decorreu conforme esperado, ou seja, Yellen chutou para o final do ano os detalhes acerca do que irá acontecer quando o programa de compra de activos terminar no final de Outubro deste ano.
 
Quando questionada sobre quando aumentaria a taxa de juro de referência, Yellen respondeu de forma evasiva, dizendo que a FOMC irá estar atenta à evolução do mercado laboral e da inflação. A maioria dos membros da FOMC prevê que o primeiro aumento na taxa de juro seja feito em meados de 2015 e que no final do ano que vem a taxa esteja nos 1%. É de realçar que estas projecções são as mesmas que já constavam das minutas das últimas projecções económicas da FOMC, pelo que estas declarações não trouxeram nada de novo para o mercado.
 
Em reacção a estas declarações assistimos a uma valorização do dólar e à queda do ouro que registou mínimos mensais nos USD 1292. Esta queda foi motivada pela activação das ordens de stop loss colocadas abaixo da média móvel de 100 dias (não consta do gráfico) e do suporte psicológico dos USD 1300.
 
Pelo que referi acima, esta queda no ouro e valorização do dólar aconteceu mais por motivos técnicos do que fundamentais. Assim sendo, e dado que o ouro está neste momento suportado pelas médias móveis de 50 e 200 dias, a testar o nível 50% de fibo do último movimento de alta e a finalizar o ombro direito do que parece ser um padrão de inversão de tendência em H&S invertido, decidi abrir uma posição longa a 1294,78 com stop loss a 1262 e take profit a 1430.
 
 
 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

"Crop Reports" pressionam o preço dos cereais

A soja e o milho registaram novos mínimos anuais na passada 6ª feira depois do relatório de colheitas, divulgado pelo USDA, ter mostrado que a previsão da oferta de cereais, a nível doméstico e mundial, para o final da temporada 2014/15 é superior à que era esperada pelo mercado.
 
Para o caso do trigo, o aumento das estimativas dos stocks mundiais das 930.000 toneladas para as 189.54m toneladas no final da temporada, deveu-se muito ao aumento dos inventários do mês de Junho em 86m de bushels para os 660m bushels, que compara com os 574m do mês de Maio e acima do valor esperado de 590m.
 
Estes resultados reflectem em parte uma forte competição entre os países exportadores e acima de tudo o impacto do bom tempo que se fez sentir nos Estados Unidos, com a presença do sol e temperaturas amenas.
A nível técnico, teremos que recuar no tempo para ter uma ideia mais precisa do que poderemos esperar nas próximas semanas. O trigo quebrou uma linha de tendência ascendente, em vigor desde 2005. Como havia referido na última análise, os níveis extremos de sobrevenda e a divergência existente entre o indicador de estocástico e o preço, poderá levar o trigo a ter um movimento rápido e forte em alta, a qualquer momento.
Estarei atento a uma eventual vinda à zona de resistência dos USD 550 para iniciar uma posição curta.
 
 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Yields das obrigações portuguesas a 10 anos quebram os 4% e levam o PSI-20 a atingir o nosso target

Objectivo atingido!

Infelizmente para muitos investidores, isto nem sempre são boas notícias. O objectivo que defini para o PSI-20, na análise feita no  dia 29 de Maio, foi atingido e inclusivamente ultrapassado.

Tal como tinha referido numa análise anterior “caso as yields das obrigações portuguesas a 10 anos ultrapassem a resistência dos 4%, teremos caminho aberto para novas quedas no PSI20”. Os últimos dias levaram as yields das obrigações a passarem essa barreira, tendência aliás que se repetiu nos restantes países periféricos, tendo sido o mercado português o mais castigado pelos investidores de dívida, depois dos juros terem batido os 4,012%.
Os juros associados à dívida de mais curto prazo também subiram: a dois anos subiram 1,192%, a maior subida desde 16 de Janeiro, e a 5 anos 2,721%. Não se registava uma tendência de agravamento dos juros tão forte desde Julho do ano passado, altura em que Portugal vivia uma crise política após a demissão de Vítor Gaspar.
 
A imagem abaixo foi o gráfico que deixei na altura e cujo target apontava para os 6365 pontos. Esse objectivo de preço foi atingido ontem. A sessão de hoje trouxe o principal índice da bolsa nacional ainda mais abaixo para os 6105 pontos, o valor mais baixo desde Outubro de 2013.
 
 
Em conversa com alguns desses investidores apercebi-me que a falta disciplina, aliada aos poucos conhecimentos de Money Management e a uma não compreendida “crença” de que tudo poderia voltar a subir e que não passaria de uma pequena correcção (inclusive uma oportunidade para reforçar posições) levou a que a grande maioria não fosse capaz de cortar as perdas, fechando as posições e minimizando assim a possibilidade de fazer grandes estragos na carteira.
 
Este comportamento repete-se vezes e vezes sem conta e leva a que a grande maioria dos investidores se encontre agora “entalado”, segundo a terminologia que os próprios utilizam. A imagem abaixo traduz a evolução do sentimento dos investidores num ciclo completo de mercado, desde a fase de acumulação, à participação do público até à fase de distribuição. Na minha opinião, encontramo-nos algures entre a fase da negação e do medo. Admito a possibilidade de podermos assistir a correcções na maioria das acções do PSI-20, dado o nível extremo de sobrevenda em que se encontram, mas na minha opinião, ainda não encontrámos o fundo.
 
 

Confirma-se que o Dax estava em fase de distribuição

Na sequência da análise feita ontem ao índice alemão, referi que achava que o dax se encontrava em fase de distribuição.

A quebra do suporte dos 9770 pontos veio confirmar essa teoria, o que me leva abrir uma posição curta (short) a 9690 com stop loss a 9960, acima no nível 61,8% de fibo da última descida, e take profit a 9120.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Dax: Acumulação ou Distribuição?

A Alemanha tem sido o motor de crescimento da europa e o seu principal índice acionista, o dax 30, um dos mais pujantes da europa.
 
Hoje assistimos a uma sessão negra no Dax. A divulgação de bons dados relativos à balança comercial alemã (Act. 18,8 mil milhões vs Exp. 16,4 mil milhões) não foi suficiente para travar as quedas do Dax que hoje foi penalizado pela desvalorização de mais de 5% do Commerzbank, o segundo maior banco alemão. Por detrás destas quedas está o facto das autoridades norte-americanas terem avançado com uma multa, que poderá chegar aos 500 milhões de dólares, por alegadas ligações a países que constam da "lista negra" dos Estados Unidos, entre os quais o Irão, Sudão, Coreia do Norte e Cuba. Recordo que a última coima foi aplicada ao BNP Paribas e atingiu um valor recorde de 8,97 mil milhões de dólares. A penalizar está também o facto do Deutsche Bank estar a ser investigado pelas autoridades norte-americanas.
 
Tecnicamente, o Dax encontra-se na fase de formação da onda 3 da 3 de grau superior, conforme se pode ver no gráfico de mais longo prazo.
 
 
Desde o início de Junho que o Dax negoceia emparelhado entre os 9770 pontos e os 1050 pontos. Esta lateralização no índice alemão poderá ser vista como uma fase de consolidação, em que alguns investidores realizam mais valias enquanto outros acumulam posições, ou como uma fase de distribuição, em que os investidores profissionais e institucionais começam a desfazer-se lentamente das posições longas que têm vindo a acumular.
 
Olhando para os indicadores de momentum, como é o caso do RSI, encontramos algumas divergências negativas, o que poderá indicar que nos encontramos perante uma fase de distribuição. No entanto, não deveremos colocar a "carroça à frente dos bois", e apenas uma quebra do suporte dos 9770 pontos nos dará um ponto de entrada short com um objectivo ambicioso, os 9000 pontos!
 
Por outro lado, se o limite superior deste range for quebrado em alta, temos uma projecção teórica de 1050-9770 = 280 pontos.
 
A ver vamos qual dos cenários se concretiza, sendo que estou ligeiramente mais inclinado para o primeiro!
 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Trigo: Investidores a aguardar pela divulgação do relatório de colheitas na 6ª feira

Depois de ter sido um dos top performers no primeiro semestre de 2014, ao valorizar mais de 22%, o trigo iniciou uma correcção em meados de Maio que veio eliminar toda a valorização que havia acumulado este ano.

Esta queda foi motivada pelas estimativas de um grande aumento de stocks de trigo para 2014/2015. A Food and Agricultural Organization of United Nations (FAO) reviu em alta a produção de trigo de 4,5m de toneladas para 707,2m de toneladas, o valor mais alto dos últimos 12 anos.

Além desta revisão em alta dos stocks, a agência também reviu em baixa o lado do consumo, como reflexo da diminuição do uso do trigo para uso industrial e alimentação por parte da China.

Esta semana, na 6ª feira, serão divulgados os relatórios de colheitas por parte do USDA pelo que poderemos assistir a alguma volatilidade. No último relatório, de dia 11 de Junho, os stocks de trigo saíram nos 574mln, superior ao esperado que era de 540mln. É sempre complicado tentarmos tomar uma posição antes da divulgação de qualquer dado fundamental importante, mas um olhar atento sobre o gráfico do trigo mostra-nos uma divergência positiva entre o preço e RSI. Ou seja, enquanto o preço fez três mínimos relativos, o RSI fez três máximos relativos, sinal que poderemos estar perante uma inversão, mesmo que de curto prazo.
 
 

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Bons dados norte americanos levam dólar a valorizar

A hora de almoço dos investidores europeus foi bastante atribulada com a divulgação de dados importantes nos Estados Unidos (balança comercial, nonfarm payrolls, taxa de desemprego e pedidos semanais de subsídio de desemprego) a coincidir com a conferência de imprensa do BCE agendada para as 13h30 GMT.
 
Após a divulgação dos dados abaixo indicados, as obrigações do tesouro americanas subiram 10 ticks, levando o dólar a ganhar bastante força e os metais preciosos a corrigirem em baixa. O EURUSD caiu 30 pips, cotando neste momento a 1,3610.
  • Balança Comercial (USD) (Maio) M/M: Act. -44.4bln vs. Exp. -45.0bln (Prev. -47.00 bln)
  • US Change in Nonfarm Payrolls (Junho) M/M: Act. 288K vs. Exp. 215K (Prev. 224K)
  • Taxa de desemprego: Act. 6,1% vs. Exp. 6,3% (Prev. 6,3%)
  • Pedidos semanais de subsídio de desemprego: Act. 315K vs. Exp. 314K (Prev. 313K)
Na conferência do BCE, Mario Draghi não trouxe nenhuma novidade, orientando o seu discurso para a parte mais técnica do programa do TLTRO e discussão sobre um hipotético programa de ABS, que ainda nem foi anunciado. A única declaração importante foi mesmo quando Mario Draghi disse que quereria ver os efeitos do programa de TLTRO e caso a avaliação da inflação se alterasse, poderia recorrer a um programa de compra de activos (QE).
 
Os bons dados que saíram foram sem dúvida positivos para o dólar mas a falta de novidades por parte do BCE, deverá fazer com que o EURUSD retome a sua tendência ascendente iniciada no dia 12 de Junho.
 
Em relação ao único trade que tinha no mercado cambial em AUDUSD, foi fechado esta madrugada a 0.9420, depois do governador do banco central australiano ter dito que os investidores  estão a subestimar a possibilidade de uma “queda significativa” no AUDUSD.
 
Hoje os mercados americanos encerram mais cedo, ás 18h10 GMT, uma vez que amanhã é feriado nos Estados Unidos.
 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Um olhar atento sobre o PSI-20

Desde a última análise que fiz ao PSI-20, o principal índice da bolsa nacional caiu quase 3%, em linha com o que era esperado. Nessa análise referi que o PSI-20 se encontrava em fase de formação da onda correctiva 4 e que esperava ver o PSI-20 nos 6365 pontos nas próximas semanas.
 
Passado um mês, a minha análise mantem-se intacta..As yields das obrigações portuguesas a 10 anos têm subido bastante nas últimas três semanas e o alargar do spread entre as yields das obrigações portuguesas e alemãs é um sinal alarmante que devemos ter em conta. As yields a 10 anos seguem hoje a subir 0,69% para os 3,631. Conforme se pode ver no gráfico abaixo, caso as yields ultrapassem a resistência dos 4%, teremos caminho aberto para novas quedas.
 
 
Tecnicamente, a continuação das quedas só se confirmará caso o índice active o padrão de cabeça e ombros e feche abaixo da média móvel de 200 dias nas próximas sessões.
 
 
Deixo também algumas notas sobre algumas das acções em destaque no PSI-20.
 
BCP: o BCP registou ontem a maior subida desde que foi para a bolsa em 1993, valorizando quase 27% e fechando nos 14,06 cêntimos. Na minha opinião esta subida não é sustentável e deve-se apenas a uma transferência de capital dos investidores que fogem da incerteza em torno do BES e se refugiam no BCP. Acredito que muitos dos investidores nem querem ouvir falar mais de acções da banca e quando a transferência dos fundos, daqueles que ainda querem estar expostos á banca nacional, acabar poderemos voltar às quedas no BCP. Ontem foi o primeiro dia em que as acções do BCP negociaram destacadas dos direitos de subscrição do aumento de capital.
 
BES: a suspensão da CMVM da venda a descoberto (short selling) das acções do BES, com o objectivo de tentar travar as quedas, surtiu algum efeito com o os investidores que estavam curtos a serem obrigados a desfazerem-se dessas posições, fenómeno conhecido como short covering, e a levar as acções do BES a recuperar do mínimo registado na sessão de ontem nos 52 cêntimos. Na minha opinião esta subida da cotação não deverá passar doa 84 cêntimos.
 
Portugal Telecom: a Portugal Telecom quebrou na sessão dontem o mínimo anual dos 2,57€. Tal como referi na minha análise de 19 de Junho, quando a PT subia em direcção à resistência dos 3€, a minha visão pessimista mantem-se. O que me faria mudar de opinião? Apenas a quebra dos 3€ em alta.
 
EDP: a eléctrica nacional é uma das acções mais fortes da nossa praça e uma das poucas que ainda não mostrou qualquer sinal de inversão.  O Bull Market da EDP mantem-se intacto, com as correcções a serem aproveitadas pelos investidores para reforçarem a sua exposição ao título. As acções têm vindo a fazer máximos e mínimos consecutivamente maiores, mas numa análise de mais longo prazo há um factor que não devemos descurar: a zona dos 3,70€ coincide com o nível 61,8% de fibo de todo o movimento descendente entre Novembro de 2006 e Junho de 2012. Na minha opinião a EDP não deverá conseguir passar esta zona de resistência sem antes corrigir fortemente.